A força da União


PRATICAR ATIVIDADE FÍSICA PODE FICAR MAIS DIVERTIDO NA COMPANHIA DE FAMILIARES, AMIGOS OU DA CARA-METADE

Contar com o apoio de alguém para alcançar um objetivo, como praticar atividade física, é um fator estimulante. Companheirismo, determinação e compromisso são alguns dos ingredientes que podem fazer a diferença naqueles dias em que você não estiver com vontade de fazer nada.

O primeiro passo é estabelecer uma meta em comum; em seguida, escolher uma atividade prazerosa; e, por último, reservar um horário do dia para se dedicar a ela. De acordo com a psicanalista Isabel Castello Branco, poder compartilhar um desafio com alguém é o que mobiliza a colaboração. “Quando um objetivo é determinado em conjunto, cria-se um vínculo entre as pessoas, fazendo com que o incentivo do outro não seja transformado de certa maneira numa dependência. Torna-se uma espécie de jogo que envolve muito trabalho das partes. A cada progresso, a cada etapa vencida, constrói-se um laço de companheirismo, lembrando que é muito importante que seja respeitado o propósito e o limite de cada um”, explica Isabel.

Segundo pesquisas da International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA), organização que reúne academias americanas, aproximadamente 50% daqueles que se propõem a malhar com frequência não chegam a completar três meses de treino. A explicação pode estar na falta de motivação. Contudo, se a sua meta for diminuir alguns quilinhos, ganhar condicionamento físico ou simplesmente manter uma rotina de exercícios para melhorar o humor e o rendimento do seu dia a dia, contar com a companhia de alguém pode ser a grande largada. Recrute alguém da família, um amigo do trabalho ou até mesmo sua cara- metade. Juntos poderão motivar um ao outro a fazer algumas mudanças em suas vidas e ao mesmo tempo cuidar da saúde.

PAR PERFEITO

O advogado Ronaldo Queiroz Feitosa, de 40 anos, aprendeu a gostar de atividade física depois que conheceu sua esposa, Glaucia Benvenuto, de 35, administradora de empresas. “Estamos juntos há 14 anos e eu sempre gostei de praticar exercícios. Na época do namoro, ele vivia pegando no meu pé, mas, quando percebeu que estava fora do peso, teve um “estalo” e começou a frequentar a academia”, recorda Glaucia. Foi então que Ronaldo estabeleceu algumas metas, e após ganhar condicionamento físico caminhando na esteira e pedalando na bicicleta, passou a correr. “Comecei correndo cinco minutos. Daí, naturalmente, fui me permitindo correr um pouco mais. Notei que ao mesmo tempo que melhorava meu rendimento, eu ia emagrecendo”, conta Ronaldo.

Com o passar do tempo, Ronaldo percebeu os resultados positivos e pegou gosto pela prática de atividade física, mais ainda pela corrida. Em contrapartida, Glaucia não gostava de correr, e sim de aulas dinâmicas, como spinning. Certo dia, ela acabou perdendo a aula de bike e então foi para a esteira. “Pensei comigo: Vou tentar correr. Inicialmente alternei – andava cinco minutos e corria cinco.

Notei que, pelo fato de eu praticar exercícios há um tempo, tinha fôlego e condicionamento que nem imaginava. Fiquei super-feliz! Naquele dia, consegui correr 15 minutos, sem parar. Aí pensei: Se eu começar a treinar com mais frequência, vou melhorar cada vez mais”. Esse foi o ponto de partida para que o casal passasse então a sintonizar o gosto pela corrida. Não demorou muito tempo, os treinos acabaram culminando na primeira prova de 10 km.

Ao ver que a corrida faria parte da vida deles dali por diante, antes mesmo da primeira prova, Glaucia e Ronaldo procuraram um profissional que indicasse seus limites, realizaram o teste de pisada para usar o tênis adequado às suas necessidades e ainda prepararam uma trilha sonora, no caso, com muita música eletrônica. Fizeram a inscrição e foram para a prova. Ambos cruzaram a linha de chegada, mas Glaucia enfrentou algumas dificuldades no percurso. “Em certos momentos, nas subidas principalmente, eu andava, mas depois corria de novo. As pessoas falam que quem corre 5 km corre 10 km. Mas, ao participar da prova, percebi que não é bem assim. Ainda não estava preparada, mas foi a gota d’água para eu me motivar e treinar para meus próximos 10 km, diz Glaucia.

A dupla corre há dois anos e já participou de mais de uma dezena de provas. Atualmente, Ronaldo treina para alcançar os 40 km num menor tempo. Glaucia não gosta de velocidade, prefere distância, e já correu uma meia maratona. Em 2008, ela se machucou por causa de overtraining – excesso de exercícios - e teve que ficar um tempo sem correr. Passou três meses parada e precisou voltar aos poucos. Tudo o que havia atingido de condicionamento físico, acabou regredindo. “Nessa época, quando eu demorava bem mais que antes para terminar a prova, o Ronaldo sempre me dava palavras de incentivo, me fazendo enxergar que, assim que eu pudesse retomar os treinos com mais intensidade, automaticamente meu tempo iria melhorar”, lembra Glaucia.

As provas geralmente acontecem aos domingos e é preciso acordar por volta das 5h30 da manhã, uma vez que é necessário chegar antes para pegar o kit da corrida – camiseta e chip. “Se um não tivesse a companhia do outro, acredito que provavelmente não iria. O fato de os dois gostarem, é condição para nós irmos. A gente se prepara desde o sábado, vamos dormir mais cedo e nos alimentamos de forma adequada. Isso compõe a vida e ajuda até mesmo em nossa relação, explica Ronaldo.

Na opinião desses corredores, terem um ao outro para praticar a corrida vai muito além disso. Compartilhar os mesmos assuntos, gostar das mesmas coisas e poder dividir com alguém que entende o que você está dizendo, como ter que treinar para diminuir o tempo em determinada competição, é incentivador. Agora, os “pés de vento” planejam correr a meia maratona da Disney. “Na verdade a desculpa da viagem é a corrida”, finalizam.

UM É POUCO, DOIS É BOM, TRÊS É MELHOR AINDA

Há mais de 11 anos que a atividade física faz parte da vida da família Santos. Eles já fizeram natação juntos por aproximadamente oito anos, mas foi de três anos para cá que a prática de exercícios passou a integrar com maior frequência o dia a dia desse trio. Pai e filhos começaram jogando tênis a cada duas semanas, mas não conseguiam manter uma rotina. Com o tempo, Gilson Antonio dos Santos, 51 anos, empresário, o patriarca da família, começou a apresentar problemas na articulação dos joelhos e precisou então diminuir ainda mais o ritmo da prática esportiva. “Eu tinha uma rotina intensa. Acordava cedo, trabalhava, me alimentava mal, não praticava exercícios e jogava apenas futebol nos fins de semana. Aos poucos, percebi que o tal futebol, em vez de ser benéfico, prejudicava minha saúde e que eu corria até mesmo o risco de sofrer um infarto. Como não conseguia conciliar meus compromissos profissionais com a prática de atividade física, passei a ter pressão arterial elevada e fui obrigado a adequar minha alimentação”, conta Gilson.

Por sua vez, Diogo Vernier dos Santos, 23 anos, analista de sistemas, o filho mais velho, era o franzino da família e logo se pôs a fazer academia com o objetivo de ganhar massa muscular. “No início, tanto meu pai quanto meu irmão, diziam que queriam ver para crer, não acreditavam que a academia pudesse me trazer resultados tão estimulantes. Depois de um ano e meio, os dois perceberam que eu havia ganhado massa muscular e foi então que passei a incentivá-los a me acompanhar, lembra Diogo. O primeiro seguidor foi o irmão, Rafael Vernier dos Santos, 20 anos, técnico de processos, que na época era muito sedentário. “Eu trabalhava e estudava. Precisei ter muita força de vontade. Ao jogar futebol, por exemplo, percebia que meu condicionamento físico não estava muito bom e certa vez me senti muito mal, diz Rafael. Daí por diante os irmãos tinham um desafio: trazer para junto deles o pai. Ele afirmava que só iria acompanhá-los quando notasse resultados no filho mais novo.

Dito e feito! Rafael começou a emagrecer e perdeu cerca de 12 quilos. Gilson então não tinha mais desculpas e se rendeu ao hábito dos filhos. Procurou um nutricionista, o mesmo pelo qual Diogo e Rafael haviam passado, e deu-se aí o início de um trabalho em conjunto. “Compreendi observando meus filhos, que quando existe um objetivo, o benefício é uma consequência. Fazíamos musculação à noite, mas em algumas semanas era difícil manter uma frequência porque invariavelmente tínhamos compromissos. Hoje em dia ajustamos os horários e vamos à academia no período da manhã, bem cedo. O compromisso agora é com a gente mesmo! Aos poucos fui percebendo o avanço, minha musculatura foi respondendo e o benefício prático foi a perda de peso, em torno de 10 quilos. Com a ajuda também do nutricionista, entendi que precisava melhorar a qualidade da minha alimentação. Sempre gostei muito de churrasco, mas passei então a ingerir alimentos que não faziam parte do meu cardápio diário, entre eles frutas e verduras. Hoje não tomo mais remédio para pressão e tento ir à academia no mínimo três vezes por semana. Se eu for comparar com o auge dos meus 40 anos, me sinto bem melhor hoje”, comemora Gilson.

Entre eles não há dúvidas de que o alcance dos objetivos até o momento foi o pilar da união que eles construíram, um motivando o outro, numa espécie de força mista. E, para quem ainda acredita que é difícil arrumar tempo para praticar exercícios, Rafael manda um recado: “É preciso encontrar um espaço no seu dia a dia para a prática de atividade física, senão o trabalho consome. O tempo vai passando e você vai perdendo saúde. Todo mundo usa a agenda cheia como desculpa. Muitas vezes é até plausível, mas, se não houver um pouquinho de determinação, o risco de se manter numa vida sedentária é grande! Mais do que iniciar com qualquer esporte, é necessário começar com força de vontade. Isso foi exemplo dentro de casa: meu irmão deu o primeiro passo, depois fui eu e meu pai também entrou no ritmo, e mantemos essa parceria até hoje. Acredito que isso é importante passar às pessoas”.

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